A bruxaria é um movimento de corpos marginalizados

A história da bruxaria está entrelaçada com a história de grupos que enfrentaram discriminação sistemática ao longo dos séculos.

01|11|2023

- Alterado em 17|05|2024

Por Pam Ribeiro - Bruxa Preta

A bruxaria, um termo frequentemente associado a imagens misteriosas e sobrenaturais, está experimentando um renascimento notável nos últimos anos. Porém, ainda assim, é percebida de maneira caricata, ignorando sua profunda ligação com a luta de grupos marginalizados ao longo da história.

Neste texto, exploraremos a importância de entender a bruxaria como um movimento de corpos marginalizados, destacando sua relevância social e cultural, bem como sua capacidade de capacitar aqueles que foram historicamente oprimidos.

A história da bruxaria está entrelaçada com a história de grupos que enfrentaram discriminação sistemática ao longo dos séculos. Durante os julgamentos de bruxas na Europa, por exemplo, as mulheres eram frequentemente acusadas de bruxaria como uma maneira de controlar e suprimir sua autonomia.

Por isso, a prática da bruxaria oferecia a essas mulheres uma forma de resistência e expressão contra as normas opressivas da sociedade.

Pamela Ribeiro

Hoje, ela atrai uma ampla gama de pessoas, incluindo aqueles que se identificam como bruxos, bruxas, wiccanos e muitos outros. É um movimento que acolhe pessoas de todas as identidades de gênero, orientações sexuais, raças e origens étnicas.

Inclusive, a bruxaria contemporânea se tornou um espaço onde os marginalizados podem encontrar aceitação e comunidade, muitas vezes fora das estruturas tradicionais de poder.

Através de rituais, feitiços e práticas espirituais, os praticantes exploram temas como autoaceitação, cura, justiça social e autonomia. A magia é vista como uma ferramenta para manifestar mudanças pessoais e sociais positivas.

Misticismo e Ativismo

Muitos grupos de bruxaria contemporâneos também estão envolvidos em ativismo. Eles usam a espiritualidade e a magia como uma forma de apoiar causas sociais, como os direitos LGBTQ+, o feminismo, a igualdade racial e a justiça ambiental.

E bem, eu me incluo nisso. Esses esforços destacam a bruxaria como um movimento que não só busca a transformação individual, mas também a transformação da sociedade como um todo.

Sendo assim, entender tal prática como um movimento de corpos marginalizados é essencial para apreciar sua complexidade, pois este não é apenas um conjunto de rituais e feitiços, mas uma forma de resistência e fortalecimento para aqueles que historicamente foram renegados.

Pam Ribeiro - Bruxa Preta Terapeuta reikiana, taróloga, astróloga, bruxa urbana e favelada. Autora do portal "A Bruxa Preta", em que escreve sobre espiritualidade, misticismo e universo holístico numa perspectiva decolonial e subversiva.

Os artigos publicados pelas colunistas são de responsabilidade exclusiva das autoras e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Nós, mulheres da periferia.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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